PANCs - Plantas Alimentícias Não Convencionais. O que nós temos a ver com isso?

 

                                  


No Brasil, a Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN; Lei 11.346/2006) tem como objetivo a garantia da segurança alimentar e nutricional, visando assegurar o direito de todos ao acesso permanente e regular a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente, tendo como base práticas alimentares promotoras da saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis. Esta política tem grande conexão com as propostas universais da Organização das Nações Unidas para alcançar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e as 169 metas, visando a promoção de vida digna para todos; as ODS 2 e 3 estão relacionadas às questões de segurança e soberania alimentar, abordando a fome zero, agricultura sustentável, boa saúde e bem-estar.

Entre as soluções que vêm sendo propostas estão a agricultura familiar e a promoção de maior reconexão das pessoas com a Comida de Verdade, para que se alimentem com melhor qualidade, pela nutrição e por serem livres de agrotóxicos, além de minimamente processados. É fundamental que a população se conscientize sobre a importância de uma alimentação sustentável e mais diversa, em direção ao engajamento de hábitos saudáveis, já que, do contário, devem existir sérias implicações sobre saúde do planeta, além do aumento da probabilidade de desenvolver problemas de saúde, em consequência.

Sustentabilidade é um conceito que envolve a ideia do desenvolvimento com possibilidade de crescimento econômico e provimento das necessidades básicas sem o desgaste e poluição ambiental; suprindo as necessidades no presente, sem comprometer as necessidades das gerações futuras. Na grande maioria das vezes, os problemas ambientais ocorrem pelo modo de vida prejudicial que a humanidade adotou. A Educação Ambiental viabiliza a sustentabilidade, pois é na verdade um processo responsável por formar indivíduos preocupados com os problemas ambientais e que busquem a conservação e preservação dos recursos naturais e a sustentabilidade. Por meio da Educação Ambiental é feito trabalho de divulgação e reflexão sobre os impactos das ações resultantes das intervenções humanas sobre o meio ambiente, promovendo transformações que viabilizem melhor qualidade de vida para todos os seres.

Estas reflexões favorecem à percepção das pessoas quanto à relevância da escolha por alimentos saudáveis, o que inclui a redução da contaminação por parasitos, agrotóxicos e outros aditivos químicos e servindo ainda como uma oportunidade para ampliar a diversidade de nutrientes. Estes objetivos podem ser alcançados com o consumo de PANCs ou Plantas Alimentícias Não Convencionais. As PANCs são também conhecidas como plantas tradicionais, porque fazem parte de um grande caldeirão cultural brasileiro. Os avanços e interesses da indústria alimentícia culminaram por ocultar conhecimentos tão antigos como as propriedades, sabores e potencialidades desses “matos de comer”. Algumas se mantiveram presentes devido à resistência e permanência teimosa de algumas tradições regionais que se utilizam de seus sabores e aromas em seus pratos típicos, e pela tradição, principalmente, indígena e afro-brasileira que mantém vivos alguns costumes e ensinamentos dos antepassados que são transmitidos de geração em geração. O cultivo de muitas dessas plantas tem ressurgido em uma perspectiva de valoração do natural e do tradicional, especialmente no que se refere a alimentação saudável por meio de hortaliças, frutas, raízes, frutos, sementes e flores, outrora vistas como exóticas, hoje exploradas pelo valor nutricional e/ou propriedades medicinais.Quer saber outros exemplos de PANCs? São muitos! Visite esta cartilha , coordenada por Arpad Reiter e Vinícius do Nascimento, com dezenas de exemplos, e depois nos conte. 

O incentivo ao consumo de alimentos saudáveis, alternativos, acessível e com baixo custo como as PANCs pode se configurar como um instrumento para promoção de transformações positivas, além de permitir o estabelecimento da conexão das pessoas, antes tão familiarizadas com o consumo de alimentos industrializados, com os fundamentos da alimentação.

Estamos resgatando as PANCs e vários cientistas têm se dedicado a divulgar sua importância, além de investigar questões associadas a marcadores moleculares, relações filogenéticas, moléculas com propriedades benéficas e nutrientes.

Então? O que nós temos a ver com isso? Devemos nos conscientizar e nos engajar nestas práticas, incluindo PANCs na alimentação. São muitas, são saborosas, nutritivas e ainda podem estar no seu quintal ou de um vizinho!  

Show!😃

Vou dar um exemplo, você conhece a PANC Ora-Pro-Nobis? Esta planta é uma cactácea e está presente em vários quintais. Muitos acham que é apenas um mato, tipo trepadeira, e cheio de espinhos. Seu nome científico é Pereskia aculeata. Mas a planta pode ser consumida como alimento in natura, cozida ou seca, ou em farinha, sendo excelente fonte de proteína digerível, fibras, além de vitaminas A, B e C assim como cálcio e fósforo. Avaliação nutritiva desta PANC é notável, sendo indicado como exemplo de alimento funcional

Com tantos atributos, têm sido crescentes os trabalhos científicos focados nesta PANC. Trabalhos que relacionam seus nutrientes com as características do solo e presença de microoganismospromotores do crescimento vegetalidentificação de produtos ativos perfil metabólico da farinha, perfil de crescimento, pois pode ter um comportamento invasivo problemático em algumas regiões.

Existe um grupo que publicou que os extratos da ora-pro-nobis reduzem a capacidade de senti dor, com antinocicepção periférica e central. Propriedade anti-inflamatórias também foram atribuídas às folhas. Outros estudaram o perfil fitoquímico e as atividades biológicas  de substâncias encontradas nesta planta (ácidos fenólicos derivados do ácido cafeico, flavonóides como quercetina, caempferol e derivados do glicosídeo isorhamnetina) com propriedades antioxidantes, antibacteriana, entre outras. Isso tudo é muito interessante, mas torna-se ainda mais sabendo que alguns desses princípios ativos, têm sido associados a prevenção contra o câncer, estimulando epigeneticamente a síntese de fatores importantes.

Adoooro! Isto é mesmo sensacional!😍

 

Então reunimos algumas receitas aqui para que sejam estimulados pela Ora-Pro-Nobis, essa PANC maravilhosa. Quem sabe poderá plantar em seu quintal e aproveitar melhor os seus benefícios?

 😋😋😋


🌿Pastinha para torradinhas ou para o café da manhã. Delícia!

o    200 g de ricota (pode ser a versão vegana de sua preferência)

o    1  maço de ora-pro-nóbis

o    1 maço de manjericão

o    ½  maço de salsinha

o    1 colher de chá de cominho

o    4 colheres de sopa de azeite de oliva

o    2 colheres de sopa de água

o    Pimenta do reino e sal a gosto

 

Modo de preparo:

Triture as plantas e imediatamente depois misture todo os resto.

 

 

🌿Pesto de ora pro nobis (comer com pão, ou misturar a uma massa tipo nhoque ou macarrão) Hummm...

o    1  xícara de folha de ora-pro-nóbis

o    1/2 xícara de folha de manjericão

o    1 xícara de azeite de oliva - Ou mais, se preferir. Vai dosando.

o    1 xícara Castanha de sua preferência

o    1 xícara de queijo parmesão ralado de boa qualidade (mas pode não colocar, se for vegano)

o    3 a 4 dentes de alho triturados

o    Pimenta do reino e sal à gosto

 

Modo de preparo:

Rale o queijo, triture as plantas e imediatamente depois misture todo os resto, manualmente ou com um mixer

 

🌿🌿🌿 Estas receitas acima já eram de meu conhecimento, mas achei o site da Vanessa Herrmann simplesmente fantástico! https://www.receiteria.com.br/receitas-com-ora-pro-nobis/.

 

Até a próxima!😊



Vânia Lúcia de Pádua

Sandra Maíza dos Santos

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